sábado, 16 de fevereiro de 2013

Shell contesta número de mortes por contaminação em Paulínia (SP) .




SÃO PAULO - A Shell Brasil Petróleo contestou nesta sexta-feira o número de mortes por contaminação provocada pela antiga fábrica de agrotóxicos da empresa no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, interior de São Paulo. De acordo com nota, assinada pelo diretor de assuntos externos da empresa, Fabio Caldas, “no âmbito da corrente ação movida pelo Ministério Público do Trabalho e dos cerca de 60 processos individuais relativos à contaminação do solo, temos o registro de cinco óbitos desde 2002, quando a instalação em Paulínia encerrou suas atividades, e não de 72, como veiculado no jornal de hoje”.
O número de mortos que a Shell contesta faz parte do levantamento realizado pela Associação dos Trabalhadores Expostos a Substância Químicas (Atesq), entidade formada pelos ex-trabalhadores das multinacionais Shell e Basf, e é referendado pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas, autor da ação civil pública contra as multinacionais. Do total dos 72 mortos, segundo a Atesq, 62 foram funcionários das empresas e dez trabalharam como agricultores, ou foram proprietários de sítios na área próxima à fábrica.
Apesar dos resultados toxicológicos que apontaram altas concentrações de metais pesados e pesticidas clorados no solo e em amostras subterrâneas, produtos altamente cancerígenos e causadores de anomalias no sistema nervosos, a multinacional afirma que “não há evidências que ligue a contaminação ambiental às fatalidades”. Um estudo do Ministério da Saúde, realizado em 2004, mostrou ainda que essas substâncias manifestam seus efeitos na geração seguinte, sob a forma de malformações congênitas ou desenvolvimento de tumores nos descendentes das pessoas expostas. O relatório final do MS indica a necessidade de acompanhar a saúde dos ex-trabalhadores, cônjuges e filhos.
Histórico
No final da década de 70 a Shell instalou uma indústria química nas adjacências do bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia. Em 1992, ao vender os seus ativos para a multinacional Cyanamid, começou a ser discutida a contaminação ambiental produzida pela fábrica na região, até que, por exigência da empresa compradora, a Shell contratou consultoria ambiental internacional que apurou a existência de contaminação do solo e dos lençóis freáticos de sua planta em Paulínia.
A multinacional foi obrigada a realizar uma auto-denúncia da situação à Curadoria do Meio Ambiente de Paulínia, da qual resultou um termo de ajuste de conduta (Tac). No documento a empresa reconhece a contaminação do solo e das águas subterrâneas por produtos denominados aldrin, endrin e dieldrin, compostos por substâncias cancerígenas – ainda foram levantadas contaminações por cromo, vanádio, zinco e óleo mineral em quantidades significativas.
Após os resultados toxicológicos, a agência ambiental entendeu que a água das proximidades da indústria não poderia mais ser utilizada, o que levou a empresa a adquirir todas as plantações de legumes e verduras das chácaras do entorno e a passar a fornecer água potável para as populações vizinhas, que utilizavam poços artesianos contaminados.
Em 2005, o Ministério da Saúde concluiu a avaliação das informações sobre a exposição aos trabalhadores das empresas Shell, Cyanamid e Basf a compostos químicos em Paulínia. O relatório final indicou o risco adicional de desenvolvimento de diversos tipos de doença. No ano de 2007, o MPT ingressou com ação civil pública para garantir os direitos dos ex-trabalhadores ao custeio de tratamento de saúde, juntamente com uma indenização de milionária.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/shell-contesta-numero-de-mortes-por-contaminacao-em-paulinia-sp-7594798#ixzz2L6mU8FDd

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