sábado, 16 de fevereiro de 2013

Novos portos focados no pré-sal investirão R$ 9 bilhões no Rio



No Porto da capital, estão previstos investimentos de R$ 1,5 bilhão para novo terminal, que dobrará a capacidade atual com o uso das ilhas da baía
Foto: Divulgação
No Porto da capital, estão previstos investimentos de R$ 1,5 bilhão para novo terminal, que dobrará a capacidade atual com o uso das ilhas da baíaDIVULGAÇÃO
RIO e ARRAIAL DO CABO – O Rio está prestes a ganhar quatro portos, que somarão investimentos de cerca de R$ 9 bilhões. Os novos terminais em Macaé, Maricá e no Rio — além da retomada do Porto do Forno, em Arraial do Cabo — têm como principal motivador a exploração do petróleo do pré-sal. Com inaugurações previstas para 2015 e 2016, os empreendimentos já têm encaminhado o processo de licenciamento ambiental. O maior risco, dizem especialistas, está justamente no projeto mais adiantado, em Arraial do Cabo, parceria entre a Triunfo Logística e a FB Operação Portuária que começa sob nova gestão ainda neste mês. Localizado em uma área de preservação e entre algumas das mais belas praias do Brasil, o terminal pode sofrer restrições a ampliações.
O Porto do Forno já existe e conta com licenciamento ambiental, porém, está quase inutilizado. Em dezembro, a Triunfo fez um acordo com a operadora local, para retomar as operações do local por 60 meses. No começo de fevereiro veio o primeiro contrato: o terminal venceu uma licitação de R$ 2 milhões da Petrobras, para o recebimento e manutenção de um equipamento de uma plataforma de petróleo (flare, espécie de chaminé). O grupo espera ampliar sua movimentação para até 60 atracações por mês — ou o equivalente a 20% da movimentação do terminal da empresa no Porto do Rio. Para isso, investirá R$ 10 milhões no local, ou o equivalente a 20% do total investido pela Triunfo em 2012. A empresa ainda estuda a ampliação, inclusive com o uso de barcas para prolongar o berço do local, de cerca de 200 metros. O principal objetivo é servir de base de apoio para a exploração do pré-sal:
— Teremos um porto para o offshore, e pretendemos fazer aqui até um posto de abastecimento para outras embarcações. Queremos fazer do Porto do Forno uma espécie de “Posto BR” do pré-sal — disse Bruno Oliveira e Sá, diretor de Desenvolvimento da Triunfo.
O número de funcionários do porto passará de 33 para 120, em breve. Sá diz o terminal já conta com licenciamento ambiental que permite a atividade.
Mas não será tão fácil construir na região. Um estudo de três meses, que envolveu quatro secretarias, dividiu o litoral fluminense em seis áreas para a exploração do petróleo. Em duas delas a construção de portos é incentivada: em Maricá e entre Macaé e a divisa com o Espírito Santo. Em outras duas regiões, novos terminais e ampliações de portos são vistos com ressalva: nas baías de Guanabara e Sepetiba. Nos últimos dois locais é onde justamente novos portos estão proibidos: na Costa Verde (Angra dos Reis) e na Costa Azul (Região dos Lagos), onde serão mantidos apenas os portos já existentes.
— A região de Arraial do Cabo é muito complexa, há uma reserva federal, o fenômeno da ressurgência marinha e várias praias protegidas pelo estado. Mas entendemos que o porto pode ser importante, por isso defendi, quando ministro, o licenciamento do Forno, mas apenas para atividades de apoio, pesca e turismo. O porto não pode movimentar uma gota de óleo e de materiais químicos, isso é vetado, não pode ter um posto de abastecimento. E qualquer ampliação, mesmo para as atividades permitidas, é muito complexa — afirmou Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente.
Porto de Maricá já tem R$ 1 bi assegurado
Já o porto de Maricá deverá ter seu licenciamento ambiental aprovado com celeridade está orçado em R$ 5,4 bilhões, Fontes do setor afirmam que a proximidade com o Comperj, de onde está distante apenas 35 quilômetros, é um dos seus principais atributos. O uso do porto pela Petrobras é dado como certo. Já existe um acordo para a utilização do terminal para uma rota de gás, embora a estatal e a DTA Engenharia, que cuida do empreendimento, neguem.
— Já há um financiamento aprovado como prioridade pelo Fundo de Marinha Mercante, no valor de R$ 1,04 bilhão, para a construção, no local, de um grande estaleiro especializado em reparos navais — afirma João Acácio Gomes de Oliveira Neto, presidente da DTA.
Em Macaé, o projeto de R$ 2 bilhões da Queiroz Galvão também está avançando, apesar de a empresa não comentar o empreendimento. Esse porto seria em alto-mar, a 2,5 quilômetros da costa, ligado ao bairro do Barreto por uma ponte. Com cerca de 900 atracações mensais, o porto terá o dobro da capacidade do terminal da Petrobras na cidade — que também estuda ampliá-lo em 20%.
E o pré-sal movimenta também o Porto do Rio. Debatida desde 2008, a construção do porto-ilha, diante dos atuais terminais, deve virar realidade em breve, porém ainda sem prazo. Orçado em R$ 1,5 bilhão, o projeto prevê o uso das ilhas de Pombeba e Santa Bárbara, diante do terminal.
— Este projeto é a única grande expansão possível para o porto do Rio, integra-se com o Porto Maravilha e traz até vantagens ambientais, uma vez que a ampliação das ilhas de areia e argila melhorariam a circulação de águas na baía — afirmou Delmo Pinho, da Secretaria Estadual de Transportes, lembrando que a área nova é maior que a atual do porto.
Contêineres e minérios também no foco
Os investimentos em portos no Estado do Rio não são determinados apenas pelo petróleo: mineração e carga em geral também geram negócios bilionários. Até 2015 começam a funcionar os portos do Açu, em Campos, e Sudeste, em Itaguaí, ambos do Grupo EBX, de Eike Batista. O Grupo Libra também amplia seu terminal do Rio. E o novo marco regulatório do setor, que criou a possibilidade de concorrência no segmento de contêineres, também gera investimentos, como a adequação do Porto do Açu.
— Os investimentos são bem-vindos, ainda mais no Brasil, tão carente em infraestrutura. Acredito que a concorrência será boa e não vejo excesso de portos, nem no pré-sal — afirmou Rogério Caffaro, presidente da Triunfo Logística, que espera que a expansão do Porto do Rio, com o uso de uma ilha, ocorra em parceria público-privada com seus atuais arrendatários.

http://oglobo.globo.com

Arraial do Cabo. Capital do Mergulho, local da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (criada em 1997 por Decreto do Presidente Fernando Henrique Cardoso), local onde ocorre o fenômeno da ressurgência (afloramento de águas profundas e geladas e ricas em nutrientes), região onde fazendas de maricultura começam a dar certo...

Lá também fica o Porto do Forno, onde o Jornal O Globo de hoje anunciou que se pretende fazer grandes investimentos com vistas ao pré-sal. 

Lamentável. Por mais que a região seja interessante para um porto, Arraial do Cabo tem vários outros motivos para não precisar participar da onda do pré-sal. Com tantas outras opções, seria melhor trabalhar para que o Proto do Forno pudesse continuar operando com a maior proteção ao meio ambiente possível (e sem movimentar produtos químicos perigosos) e sem atrapalhar as outras vocações de Arraial do Cabo.

Veja a reportagem do Globo:

http://oglobo.globo.com/economia/novos-portos-focados-no-pre-sal-investirao-9-bilhoes-no-rio-7596728

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